Nuvens cinza claro no céu. É de tarde num local desconhecido desde há pouco. Mais vazio, incompleto, de um cheiro pobre, podre. Odor indiscreto de abandono, de crueldade, de desamor, traição, crescente infidelidade virtual.
Letras estrangeiras insistem em vir ao meu encontro, saltando num ecrã antes puro, numa janela indiscreta lançada por um malfadado homem igual a tantos outros e muito igual a si próprio.
As pessoas não mudam e há aquelas que devemos largar assim que pudermos, assim que nos libertarmos das amarras ilusórias que o amor, ou a ilusão dele, podem criar.
O que me importa não é a palavra em si, mas a essência da palavra e o que ela significa, que sensações provoca e que emoções desperta no nosso coração, na nossa alma e no coração e na alma de quem a lê. O escritor é apenas um veículo de transmissão dessas emoções, um intérprete, um cantor mudo da vida que o rodeia. O seu nome é meramente um detalhe e a sua oralidade, por vezes, um pesado fardo. - MJA