Porque muitas vezes passamos na vida das pessoas apenas para, numa determinada fase, as fazermos pensar, repensar, para que elas dêem um salto maior, para abrir caminho para outras pessoas que surgem ou que já estão. Muitas vezes não somos mais que um instrumento para que as pessoas acordem para outras realidades, que sempre estiveram presentes, mas nunca se haviam manifestado. E, talvez nos devamos alegrar por isso e aceitar que é assim, sem culpas, sem medo, sem erguer barreiras. Dos outros para nós, é igualmente, verdadeiro.
Constatamos que nos aproximam as semelhanças, até mesmo as diferenças, que nos enriquecemos sempre que permitimos que alguém se aproxime de nós, seja por muito ou por pouco tempo. O tempo é um conceito demasiado relativo e abstracto. As marcas ficam, senão perderia todo o sentido alguém ter remexido, ter feito nascer entusiasmo, paixão ou, muitas das vezes, alguma espécie de amor, tudo aquilo que nos parecia mais que adormecido até então.
Uma vez, alguém me dizia que "tudo na vida é pedagógico" e de facto é. Até das coisas más, das histórias que ficam, que mais não seja para nós, suspensas, devemos tentar entender a razão. No meio do turbilhão, torna-se difícil, mas quando menos esperamos, quando a acalmia retorna, as respostas surgem, sempre quando estamos preparados para recebê-las.
E aí, após algumas lágrimas, por vezes muitas, momentos de raiva, a culpa dissipa-se. Entendemos que apenas podemos ser responsáveis pelos nossos actos, pelos nossos comportamentos. Podemos até tentar chegar ao outro, mas se a resposta não chega, chega a palavra que mais sentimentos opostos me desperta. Chega, definitivamente, a resignação, a aceitação da realidade dos factos, a incontornabilidade do que está à nossa frente. Que sempre esteve.
Porque há histórias que devem permanecer mesmo assim.
Compreendemos que, embora pareça, à primeira ou à segunda vista, que nos iludimos com algumas palavras e alguns actos, a verdade é que não. Potenciámos, nós mesmos, os acontecimentos. Nós próprios precisávamos de sentir certas emoções, experimentar certos detalhes, para percebermos que ainda possuímos capacidade, que não secámos por dentro.
(continua)
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